Peru

Neste post irei descrever como foi minha viagem para o norte do Peru, realizada em fevereiro de 2011 com mais quatro amigos. O único objetivo da viagem foi o de surfar as esquerdas perfeitas da região de Lobitos.

Toby (cachorro da pousada) se metendo na minha foto
Visual da praia de Piscinas

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Viajar para o Peru foi a melhor experiência que já vivi, considerando que foi minha primeira viagem internacional e também a primeira vez em que viajei de avião, ou seja, foi nessa viagem que fui definitivamente fisgado pelo desejo de corre o mundo.

O objetivo de viagem foi surfar as ondas perfeitas do norte peruano, mais precisamente de Lobitos.

A viagem começou com um amigo me dizendo que iria, junto com outras duas pessoas, para o norte do Peru na semana seguinte, e que se eu tivesse interesse e disponibilidade poderia acompanhá-los. Foi tudo muito rápido, comecei a pesquisar na internet sobre o lugar e pouco encontrei, mas descobri que não havia água potável, que o cuidado com a comida deveria ser redobrado para evitar complicações alimentares e que a praia (Lobitos) ficava bem isolada de qualquer cidade grande. Foi então, que minha família começou a duvidar que eu realmente iria, alegando que eu era chato para comer, não dormia em qualquer lugar, etc. A vontade de ir, e ao mesmo tempo o receio pelo desconhecido já tomavam conta. Olhei para os familiares ao meu redor e disse: "Eu vou!". Eles riram ao mesmo tempo em que eu clicava em "Finalizar compra" no site da companhia aérea, hehehe. Convidei mais um amigo e partimos então entre 5 pessoas: William (que me convidou para a viagem), João Derlon, Fernando Catatau, Lucas e eu.

Compramos as passagens com a TAM, partindo de Porto Alegre/RS até Lima, e com a Star Peru, de Lima até Talara (onde fica o aeroporto mais próximo de Lobitos). Esta é a maneira mais rápida de se chegar a Lobitos, embora não seja a mais barata, que seria pegar um ônibus a partir de Lima. Como o tempo era curto (eu tinha apenas 8 dias de folga do trabalho), não havia outra opção viável.

Após a primeira decolagem em Porto Alegre lembro de ter pensando "Ferrou! Vou ter que ficar nesse avião por quase 5 horas e passar por isso outras 5 vezes!". Achei a sensação da decolagem horrível, estômago embrulhado, tontura, achei que não ia suportar isso tudo novamente!


Avião da TAM - Trecho Porto Alegre/Lima
Conforme o voo ia seguindo eu ia me adaptando e começando a curtir cada vez mais, estávamos em um avião com configuração 2-3-2 (que não sei qual era pois na época ainda não era tão apaixonado por aviação), com um ótimo sistema de entretenimento, apesar de eu não ter aproveitado muito pois fui ouvindo Jack Johnson a viagem inteira! O voo foi tranquilo e chegamos ao Aeropuerto Internacional Comodoro Arturo Merino Benítez, em Lima, por volta das 23h. Para economizarmos uns trocados acabamos dormindo no saguão do aeroporto, igual ao carinha aí da foto:

Alguém que eu invejei (por conseguir dormir naquela noite)
 Tá certo que nós tínhamos um pouco mais de conforto do que o rapaz aí de cima, dormimos sobre as capas das pranchas. Uns utilizando a mochila como travesseiro e outros (como eu) as roupas de borracha. Enfim, não dormi nada, claro. Não que as camas improvisadas não estivessem confortáveis, mas as mulheres que limpavam o saguão nos mandando trocar de lugar quando eu estava quase pegando no sono, junto com a emoção e a vontade de chegar logo nas ondas, contribuíram para a noite em claro.

Acordamos e fomos fazer compras em umas bancas de artesanato no bairro Miramar. Esta foi uma indicação do taxista com quem o William conversou ao acordar, ele alegou que o Mercado Inca (onde queríamos ir) tinha preços mais altos por ser o mais conhecido.

E lá fomos nós, com o taxista Miguel (vulgo Miguelito) e seu carro com pneus carrecas. O Miguelito tinha um estilo peculiar de dirigir, que logo descobrimos ser comum no Peru: uma mão na direção do veículo e outra na buzina! Os carros eram, em sua maioria, arranhados ou batidos. Nos cruzamentos em que você não sabe se vai dar tempo de passar, aparentemente a regra é: na dúvida, acelere! Foi um trajeto de quase uma hora, cheio de emoção ao som de músicas latinas que tocavam no rádio do Miguelito.

 Galera imaginando como colocar toda a tralha no táxi do Miguelito

Ao voltarmos das compras logo embarcamos para Talara no pequeno avião da Star Peru. Olhei para a fivela do cinto de segurança e chamei atenção do Lucas, estava escrito "Varig". Minha nossa, brinquei: "Agora sim a gente morre! Quantos anos tem esse avião, compraram a sucata da Varig?!"

Desembarque no aeroporto de Talara - Peru

Ao chegarmos no aeroporto de Talara já havia uma van nos esperando (tipo uma Towner, só que menor!), a qual o Jose Antonio, da pousada La Casa de Jose Antonio, tinha mandado para nos buscar. Mais uns 30 minutos de carro e estávamos em Lobitos. Fomos muito bem recebidos na casa do Jose Antonio e sua esposa. A pousada é no estilo albergue, com quartos para várias pessoas e banheiro compartilhado. Pagamos U$22 (dólares americanos) por dia, incluindo hospedagem e três refeições. As refeições eram muito boas, preparadas pela cozinheira Maria, arroz, feijão, frango, ovos fritos, batatas, massa, pães e suco. Ah, tinha também o clássico mingau (que eu nem provei pois não gosto nem do cheiro de mingau). Na esquina da pousada tem um "mercadinho", que também serve almoço e janta. Comprávamos chocolates e água ali todos os dias. A água é fundamental, pois, como mencionei anteriormente, não há água potável em Lobitos, a água que tem é escassa, então utilizávamos água mineral para escovar os dentes e lavar o rosto.

Pousada La Casa de Jose Antonio (na época ainda sem asfalto passando em frente) 
Almoço
"Torneira" para se levar após o surf!

Sala da Pousada

Sala dos foguetes

Quarto compartilhado

Surfamos os picos de Lobitos, Piscinas e El Golf (apenas eu não surfei este último). Não surfei El Golf pois é um pico um pouco afastado da pousada, combinamos de irmos com mais um pessoal de Santa Catarina que estava na mesma pousada, mas chegando lá estava um vento muuuuito gelado, e eu (que sempre passo frio) tinha levado apenas a bermuda, achei que ia estar quente e deixei o Long John (roupa  de borracha) na pousada. Já Lobitos e Piscinas ficam muito próximos a pousada, podendo ir a pé tranquilamente.

Crowd em Lobitos - primeiro dia
Contraste
Perfeição em Lobitos
Vista da sacada da pousada
Surf em Piscinas (Felipe)
Cidade fantasma
Surf em Piscinas 2 (Felipe)
Fernando manobrando com pressão em Piscinas
Lucas Brussius afinando o backside
Galera reunida no final de tarde
Solitário guardião
Caminho para Piscinas
William pegando uma da série
Lucas rasgando forte
Surfe matutino (Felipe)
Lucas
Felipe
Felipe
Piscinas
Caminho para Piscinas (Felipe)

Depois de quatro dias surfando as esquerdas perfeitas do norte desse país que tanto me agradou, eu e o Lucas seguimos para Lima para voltarmos para o Brasil, enquanto os demais ficariam mais alguns no Peru. A questão é que nosso voo foi adiantado, era para ser às 13h e passou para as 8h, assim, chegamos em Lima próximo das 10h da manhã e decidimos aproveitar o dia para conhecer a localidade de Punta Hermosa, ao sul de lima (nosso voo para o Brasil saíria só à noite). Pegamos um táxi e pagamos 100 dólares pela ida e volta à Punta Hermosa. Chegando lá fomos até a pousada do Tio Richi para passar o dia. Um rapaz que trabalha na pousada nos explicou a localização dos picos de surf que poderíamos ir a pé. Fomos então dar uma checada nas condições. A água estava muita fria e uma neblina tomava conta da paisagem, não dava sequer pra enxergar as ondas. Compramos umas bolachas e Coca-Cola em um barzinho e sentamos em uma escadaria para observar o mar. Voltamos para a pousada, almoçamos e então o Tio Richi nos levou para checar as ondas da redondeza. Pelo que ele disse as ondas estavam com 3 metros na série, e eu (merrequeiro que sou!) que não ia surfar aquilo com a minha prancha 5'10", a única que eu tinha levado. Voltamos para a pousada e logo partimos para o aeroporto.

Sobre Punta Hermosa, nossa passada foi rápida, difícil falar de um lugar que ficamos tão pouco tempo, portanto, vou me ater a falar apenas que o lugar é muito bonito e que um dia pretendo ficar mais tempo por lá. Mas sinceramente, eu preferi o clima do norte: sol, calor e água quente (em fevereiro, época que estivemos por lá). Ah, sem contar que o norte é bem melhor pra quem curte ondas menores.


Punta Hermosa
Punta Hermosa e a neblina característica da região
Um dos vários caminhos entre as casas em Punta Hermosa
Por fim, o Peru é um lugar muito barato para nós brasileiros, seja como destino de surf ou turismo em geral. É uma viagem que recomendo a todos, surfistas ou não. Com certeza irei retornar inúmeras vezes ao país, existem muitos picos de surf que quero conhecer, além de Machu Picchu, que está na minha lista de "próximas viagens" há tempo!

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